Yukimaro desembarcava na ilha com um fardo a menos nas costas, seguia livre agora, dono de seu próprio destino. Nada havia mudado, mas ao mesmo tempo tudo mudava, mesmo que aos poucos. A mudança que Yukimaro atravessava agora era similar a de um filho que deixa o conforto da casa dos pais para morar sozinho pela primeira vez, a princípio a vida segue normal, porém em cada momento o jovem se depara com algo que antes não era sua responsabilidade.
Equipamentos, suprimentos, vestuários, despesas de viagem, destino, objetivo, tudo antes na vida de Yukimaro era traçado por uma entidade maior chamada Marinha, mesmo em Verona onde o jovem desfrutara um pouco desta nova liberdade, ainda não passara disto, uma desgustação. Em Verona o jovem se viu tragado por uma confusão já existente e no fim acabou sendo usada como um dos recursos da Resistência na Guerra Civil.
Agora em Gourmet Island, uma calmaria implantava um pequeno vaziu no coração de Yukimaro, o que faria agora de sua vida? Ter recebido o título de caçador de recompensas era o que lhe mantinha nos eixos, evitando que ficasse sem eira nem beira, porém ainda restava ao caçador descobrir de fato o que aquela profissão significava.
O clima da ilha era árduo, um puro contraste de Verona, o sol brilhava forte, mesmo ainda sendo relativamente cedo. Ainda no pequeno porto, Yukimaro se despedia dos amigos que fizera na pequena embarcação, estes que lhe respondiam com acenos enquanto descarregavam os caixotes que navegaram empilhados no porão. Uma série de pessoas já aguardavam ansiosos aquelas caixas e inciciavam o transporte delas para dentro da cidade sobre seus próprios ombros, era tão hipnotisante quanto assistir o trabalho metódico das formigas.
Tão logo pisava em Gourmet Town, percebia que o tamanho daquela cidade era ridiculariamente pequeno. A outra certeza que tinha de antemão era que estava se destacando, pois mesmo com o manto cobrindo boa parte, ainda assim sua nova armadura reluzia o brilho do Sol. As costas de Yukimaro tornavam-se rapidamente escorregadias por conta do suor que se acumulava.
Sem pestanejar o jovem começou a seguir o fluxo dos carregadores, pois estes seguiam em direção ao local mais agitado da cidade. Assim como Verona, as construções eram também estranhas, mesmo que de uma forma completamente diferente, várias chaminés saiam das construções, como se cada cômodo tivesse a sua própria, várias placas sobre as portas ou ao seu lado identificavam cada construção, todas portando nomes de comida ou referências a isto.
Mesmo as pessoas eram estranhas, todas seguiam um padrão em suas vestes, cores brancas, aventais, gorros ou bandanas, luvas e outros adereços similares.
Porém o mais impactante ainda não havia sido dito. O cheiro, era simplesmente deslumbrante! 9 horas da manhã e a cacofonia de cheiros atingia em cheio o caçador. Carnes, masssas, molhos, brigadeiros, abacaxis assados, peixes a dorê, lula assada no carvão, takoyaki, rosquinhas, leitão a pururuca e mais uma infinidade de comidas soltavam sua fragância que se espalhavam pelo ar e se mesclavam umas com as outras. Fora as especiarias, ah as especiarias! Açafrão, tomilho, mangerona, alecrim, mostarda, canela, noz moscada, baunilha, cacau, pimenta e tantas outras coisas que Yukimaro sequer fazia ideia.
O estomago do jovem roncava livremente em meio a tudo aquilo, a saliva era impossível de se manter dentro da boca. Para sua sorte, todos pareciam atarefados e focados demais para repararem nestes detalhes.
Quando enfim chegou ao seu destino, sentiu-se no meio do formigueiro. Várias barracas exibiam diferentes produtos, os quais eram comprados por pessoas que chegavam e saiam praticamente correndo, os lojistas tinham pouco tempo para reabastecer antes que recebessem novos pedidos. Em geral os lojistas eras aprendizes, submetidos a este trabalho como uma pequena provação para que os cozinheiros pudessem avaliar se estariam aptos ao cotidiano de suas cozinhas, onde agilidade era um dos fatores mais importantes.
Entre as barracas, podia-se ver algumas que serviam comidas prontas, ou era o que parecia, pois muitos dos compradores acabavam levando lotes inteiros destas comidas já preparadas.
Entre aquele mar de pessoas vestidas de branco e as coloridas comidas, era possível ver pessoas "comuns", tais quais Yukimaro, que estavam a passeio em Gourmet Island ou então resolvendo seus assuntos privados, ter percebido tão facilmente estes estrangeiros levava o próprio Yukimaro a refletir o quanto ele mesmo estava exposto, o quanto de atenção ele chamava para si com suas vestes diferentes.
Não existia um só mural na cidade, porém facilmente Yukimaro encontrou um deles, tão logo bateu seus olhos no mural viu algo que chamou sua atenção para um detalhe que até então passara batido, várias paredes estão forradas com um mesmo tipo de cartaz, e não era de procurado.
Todos os cartazes de procurado estavam encobertos por esse singular anúncio, entre eles se destacava a imagem de um Mink Urso-Polar, porém somente a imagem estava a vista, todo o resto do conteúdo estava embaixo de outros papéis. Yukimaro reconheceu de prontidão o Mink, tinha ouvido de Mogami que a Marinha o colocaria como procurado, porém somente vendo o cartaz que tudo parecia se tornar real. Como era facil uma pessoa deixar de ser "honesta" e passar a ser "criminosa", bastava ter o rosto estampado em um cartaz, um ato tão simples e de consequências tão devastadoras. Neste caso era coerente esta mudança de status social.
Além do rosto do Mink, outros se destacavam, enquanto outros ficavam encobertos. De imagens as que eram visíveis eram: [*]*Lembrando que somente as imagens estão visíveis, não as informações!
De informações encontrava:
- Zekka D. Ryoran
- DEAD OR ALIVE | B$31.000.000
- Raron | DEAD OR ALIVE | B$29.000.000
- Niya
- Yamato | DEAD OR ALIVE | B$17.000.000
- Amber
- B$16.000.000
- B$7.000.000
Encobrindo todo o resto estavam diversas cópias de um único aviso:
Aviso:
As possibilidades estavam abertas na frente de Yukimaro, o vazio dentro dele parecia se enraizar ainda mais, pois novamente percebia que cabia unicamente a ele decidir seu futuro agora, ninguém com patente superior viria para lhe dizer o que fazer.

Uma criatura voadora estranha dava um rasante e soltava sobre Yukimaro um exemplar recente do Jornal do Oceano, agora que era um caçador, o jovem tinha acesso vip ao jornal, sem nem ao menos ter que pagar por isto.